O Primeiro Passo


Quando, após décadas a coleccionar brinquedos e modelos e memorabilia, decidimos partilhar alguns dos nossos objectos numa página digital, todos enfrentamos o mesmo dilema—por onde começar esta espantosa jornada? Com alguns brinquedos raros e valiosos? Com modelos únicos e inestimáveis orgulhosamente feitos por nos próprios? Ou com cenas surpreendentemente realistas nas nossas maquetas? Na minha infância, tive o privilégio de brincar com comboios em miniatura e pistas de carros de corrida e requintados brinquedos em folha. Todavia e em boa verdade, durante alguns anos só brincava com eles ao fim-de-semana, sob a atenta supervisão do meu pai. Os meus brinquedos do dia-a-dia eram normalmente veículos em metal, figurinhas em plástico e peças de Lego. Por que não começar esta jornada por aí? 

Os meus veículos em metal adquiridos em Portugal eram da Matchbox, da Corgi e da Majorette. Por vezes, familiares e amigos traziam do estrangeiro alguns Norev, Schuco, Siku e Hot Wheels. Mais tarde, começaram a chegar à minha "garagem" alguns Efsi, Mira, Guisval, Yatming e Zylmex. A minha primeira aquisição foi um encantador modelo da Tomica no final dos anos setenta, o Datsun No.1, que guardo até hoje. Todos estes veículos em metal tinham escalas à volta do 1:64. Nessa altura não gostava de escalas maiores, como 1:43 ou 1:36. Mesmo assim, tinha alguns exemplares da Märklin, da Tekno, da Dinky Toys, da Corgi Toys, da Matchbox, da Solido e da Eligor. Os veículos em metal de fabrico português também estavam presentes, da MetOsul e da Luso Toys, bem como, em escalas ainda maiores e em plástico e folha, alguns exemplares da Pê-Pê. 

As minhas figurinhas em plástico eram cowboys e índios ou cavaleiros e soldados medievais feitos pela Timpo e pela Britains em escalas à volta do 1:32. Estas figurinhas de plástico não combinavam bem com os veículos em metal e por isso eram mantidas num contexto próprio, envolvendo normalmente a tomada de um forte ou de um castelo. Outras figurinhas em plástico eram brindes de diversos produtos como gelados ou cereais e formavam interessantes colecções—o meu tema favorito era a exploração espacial. A dada altura descobri um outro tipo de figurinhas de plástico—os soldadinhos da Matchbox e da Airfix à escala de 1:76. Em pouco tempo eu e mais alguns amigos mobilizamos grandes destacamentos de forças militares, incluindo veículos devidamente pintados e detalhados—e a guerra eclodiu num jardim perto de casa.

As coisas começaram a correr mal quando um jardineiro veio queixar-se do nosso trabalho de trincheiras—algo a ver com raízes danificadas e água e plantas moribundas. Depois, correram mesmo mal quando decidi empregar "munição viva", essencialmente explosivos de carnaval comprados numa tabacaria, alguns razoavelmente potentes e espetaculares. Ao fim de alguns bombardeamentos tão eficazes quanto ruidosos, as mães acorreram ao local, os dedos foram apontados e a guerra terminou ali mesmo. Todos para casa—e eu fiquei de castigo. Bolas.

Comecemos pois esta espantosa jornada com alguns veículos em metal e figurinhas em plástico. Alguns destes brinquedos e modelos foram feitos há muito tempo, outros nem por isso. Algumas fotos e uma breve descrição, um comentário. Ficarei feliz se aqui e ali vos fizer sorrir. Para todos os efeitos, é uma longa jornada. 


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